A CASA INFESTADA DE PRAGAS
O que fazer para livrar-se de pragas que infestam nossa vida?
A
Paz do Senhor esteja contigo!
Em
2008, comecei a ministrar um ciclo de palestras numa comunidade
terapêutica para dependentes químicos, da qual mais
tarde me tornaria responsável técnico. Sempre gosto de
ilustrar as palestras com espécies de “parábolas”
que procuro elaborar – pela Graça de Deus. Desse ciclo de
palestras, algumas se repetiram no transcorrer do tempo até
aqui e, entre estas, a que eu sempre repito – cerca de duas vezes
ao ano – é a parábola “A Casa Infestada de Pragas”.
Depois de ler, clique em "comentários" e deixe sua impressão sobre o que este pequeno conto gerou em tua vida. Eis a história:
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A
CASA INFESTADA DE PRAGAS
Um
certo homem morava em uma casa, quando percebeu baratas surgindo. Sua
primeira reação foi matá-las a chineladas...
Parecia que havia resolvido o problema! Mas, voltando de seu
trabalho, encontrou outras baratas e também aranhas pelas
paredes. Saiu com seu chinelo batendo nas pragas que encontrava, e
parecia que havia resolvido. Após a sessão de
extermínio, passava a vassoura na casa e -, pronto! - tudo de
novo na “santa paz”!
Acontece
que, ao retornar de sua jornada de trabalho, lá estavam elas:
as pragas, multiplicadas a cada dia! Agora, havia ratos que
acompanhavam as baratas e aranhas! A coisa estava fugindo do
controle, e o homem resolveu tomar uma atitude drástica: foi
até um mercado especializado e comprou todos os tipos de
venenos possíveis, e pulverizou a casa, mantendo-na fechada um
dia inteiro. Ao retornar, viu com satisfação o
resultado: ratos, baratas, aranhas, moscas, insetos e tudo quanto
tipo de pragas mortas no chão de sua casa! Limpou aquela
sujeira toda e dormiu tranqüilo!
Estava
ansioso para retornar do trabalho! Será que as pragas haviam
voltado? Não! Que maravilha! A casa estava limpinha, como
havia deixado no dia anterior! Que beleza! Passou-se uma semana,
duas... Um mês... dois meses... E a casa continuava livre do
incômodo! Que alegria!
...mas...
...ao
chegar ao terceiro mês, inesperadamente, parece que virou um
pandemônio: voltaram todas as pragas, e o pior: haviam se
multiplicado! O homem estava desesperado! Já tinha feito de
tudo, e não havia resolvido... Que terrível! Que horror!
Pensou
em se mudar...
...pensou,
em um momento de fúria, em incendiar aquela casa!
Mas
se lembrou, de repente, que ainda não tinha, de fato, tentado
de tudo! Faltava, ainda, procurar ajuda! Ligou para um especialista
em extermínio de pragas domésticas, e marcou uma visita
para consultoria. O técnico veio, ouviu toda a história,
e por fim, disse:
-
Meu caro amigo, não adianta, simplesmente, matar as pragas! É
preciso descobrir de onde as pragas estão vindo, por quê
elas se multiplicam, e resolver a causa do problema! Deve haver
depósito de lixo em algum lugar, onde estas pragas estejam se
multiplicando!
-
O quê? O senhor está insinuando que eu seja algum
“relaxado”, que não limpo a casa? Veja bem como eu cuido
de tudo, e está tudo limpo e arrumado!
-
Não é isso, meu amigo! Com certeza, há algum
foco de detritos escondido em algum lugar. Por exemplo: que
portinhola é esta, no fundo de tua despensa?
-
Ah! Essa portinha aí? Nem sei! Não é nada!
Sempre esteve fechada! Já estava fechada quando me mudei prá
cá!
-
Posso abri-la, para fazer uma vistoria?
-
Não precisa! Nunca abri esta porta! Nem sei onde tem a
chave... Acho que ela nem abre! Não deve ser nada!
-
Casualmente, eu estou preparado para situações como
esta. Se me permitir, tenho ferramentas para forçar a
fechadura, e posso abrir esta porta. Com sua autorização,
claro.
-
Bem, já que estás aqui, faça como quiseres. Mas
é perda de tempo! Não deve ter nada aí!
O
técnico abriu a portinhola, deixando sair um bafo quente de
mofo, poeira e material apodrecido de dentro do escuro buraco. Ao
acender a uma lanterna, pode ser divisado uma escada que descia para
um porão.
-
Olha só! Eu moro aqui há tanto tempo e nem sabia que
esta casa tinha porão!
-
Vamos entrar e ver o que encontramos.
O
lugar era escuro e abafado, mas muito maior do que os dois poderiam
imaginar! O foco da lanterna percorria a grande sala subterrânea,
que tinha o mesmo tamanho da casa, e se divisava entulhos, lixos e
toda sorte de materiais cobertos de poeira. Teias de aranha por toda
a parte! Levantando alguns panos velhos, o técnico encontra um
ninho de ratos. Afastando outros objetos, encontra um ninho de
baratas! Estava descoberta a origem da infestação! Era
do porão que subia todas as pragas que enfestavam a parte de
cima da casa!
-
Sabe, meu amigo: infelizmente, nem adianta eu colocar veneno, agora!
Primeiro, tu terás que limpar toda esta área, aí
sim, eu poderei ver que tipo de veneno poderei aplicar, e quais
procedimentos. O primeiro passo é limpar este porão!
-
Mas isso vai demorar semanas! Talvez, até meses! Está
tudo sujo e bagunçado!
-
Eu compreendo, mas colocar veneno aqui não vai resolver:
correrá o risco de contaminar a casa toda, e tu mesmo te
intoxicares! Faça o seguinte: eu te indico alguém que
pode te ajudar a limpar este porão. Nem vou cobrar esta
visita! Quando terminares a limpeza, torne a me chamar!
O
trabalho foi árduo! Semana após semana, diariamente, o
dono da casa e seu ajudante adentravam no porão e levavam o
entulho para fora! Tiveram que re-instalar a rede elétrica,
porque estava precária, colocando lâmpadas. Descobriram
que havia vários dutos de ventilação que traziam
ar para dentro do porão, mas estavam obstruídos com
detritos. Quando o ajudante terminava seu horário, muitas
vezes o dono da casa permanecia sozinho, no porão, terminando
o trabalho do dia.
O
que era prá ser a solução, causou um
inconveniente: ao se mexer no porão, todas as pragas que
estavam ocultas se desentocaram e subiram para a casa! O dono da casa
telefonou para o técnico, reclamando, e o técnico
informou que era assim mesmo! O homem precisava ter paciência,
pois o incômodo era temporário: assim que se eliminasse
os focos de infestação, as pragas sumiriam. O dono da
casa resolveu aceitar o conselho, e viu que, de fato, funcionava!
O
que era surpreendente é que não se encontrava somente
sujeira, lixo e detrito: encontrava-se muita coisa boa, bonita e
útil! Encontrou uma caixa com uma enciclopédia; alguns
livros estavam corroído por traças, mas muitos estavam
praticamente novos, só precisando ser limpos da poeira!
Encontrou alguns quadros, enrolados em lençóis rotos,
mas que eram muito bonitos! Um jogo de mesa e cadeiras de madeira que
só precisava de um mãozinha de verniz, e ficaria
perfeito para a varanda! E um daqueles aparelhos de rádio
antigos que – para o espanto do dono da casa – funcionou
perfeitamente, após uma boa limpeza!
Mas
a maioria do que saía era lixo, entulho e detrito! Muita,
muita, muita sujeira! O dono da casa queimava e desfazia-se do que
era lixo e não prestava... E restaurava e guardava aquilo que
tinha alguma utilidade!
Por
fim, já estava até gostando do trabalho!
Quando,
finalmente, acabou! O porão estava limpo e, agora, a casa
também estava limpa! Sem venenos, nem nada, mas as pragas
haviam sumido!
O
dono da casa entendeu que não adiantava, simplesmente,
eliminar as pragas: era necessário eliminar o que produzia o
problema!
Não
basta calar o sintoma aparente: é necessário resolver a
causa latente!
O
homem telefona para o técnico para agradecer. Conta tudo o que
aconteceu, detalhe por detalhe. O técnico marca outra visita,
e encontra o porão iluminado, ventilado e pintado, limpo e um
ambiente bem agradável. Não encontra sinais de
pragas... Mas fica intrigado com algo:
-
E estes dutos de ventilação? Saem onde?
-
No pátio, eu acho... Nem pensei em verificar. Por quê?
-
Vamos, então, até o pátio e verificar isso.
De
fato, os dutos de ventilação formavam alguns buracos no
pátio ao redor da casa. Foi então que o técnico
observou como o pátio estava tomado de mato: ervas daninhas,
relva alta e folhas secas se amontoando em diversos lugares.
-
Da mesma maneira que tu limpaste o porão, precisas limpar a
área ao redor da casa! Senão, as pragas vão usar
os dutos de ar para invadirem o porão, novamente. Aliás,
provavelmente foram estes dutos que elas usaram para infestar o
porão, na primeira vez!
-
Uhm! É verdade! O senhor tem razão! Farei isso este
final de semana mesmo!
-
E não apenas isso: é preciso colocar tela cobrindo
estes dutos, para que só o ar passe, mas nenhuma praga ou
detrito possa passar!
-
Excelente idéia! Vou providenciar! E quanto ao veneno a ser
pulverizado? Já sabes qual irás passar?
-
Não há necessidade nenhuma de veneno! Se tu mantiveres
o pátio limpo, a casa limpa, o porão limpo, e tapar as
brechas de entrada, não haverá mais infestação
nenhuma! Não preciso pulverizar o local, não!
E
pagando o preço da consultoria, o dono da casa despediu-se do
técnico, satisfeito com as orientações. E,
definitivamente, não houve mais nenhuma infestação
de pragas, desde que o dono da casa manteve-se firme em permanecer
seguindo as orientações do técnico.
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Toda
parábola sempre tem uma “moral”, não é?
Assim
como a casa, nós também temos nossos “porões”:
áreas tenebrosas de nossa personalidade, que precisam ser
expostas e limpas!
Não
basta apenas silenciar os sintomas: é necessário
resolver as causas!
Não
adianta nada, simplesmente, mudar a aparência: é
necessário transformar a essência!
“Ai
de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que
limpais o exterior do copo e do prato, mas o interior está
cheio de rapina e de iniqüidade! Fariseu cego! limpa primeiro o
interior do copo e do prato, para que também o exterior fique
limpo. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas!
pois que sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora
realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de
ossos de mortos e de toda a imundícia. Assim também vós
exteriormente pareceis justos aos homens, mas interiormente estais
cheios de hipocrisia e de iniqüidade.” (Mateus 23.25-28)
Maldições,
entraves, problemas de relacionamento, tormentos... Tudo isso não
passa de simples sintomas aparentes. Mas quais são as causas?
O
que temos guardados em nosso escuro porão?
Mágoas?
Ressentimentos? Invejas? Concupicências? Medos? Culpas?
Vergonhas?
Escondemos
nosso “eu interior” de todos, e tentamos dar “desculpas
gospel”:
“Sou
nova criatura! Meu passado não importa!”
“Lanço
fora o velho para que o novo possa entrar!”
“Ninguém
pode me julgar: estou em Cristo!”
“Isso
é obra morta!”
Pura
desculpa! Pura justificativa vã! Hipocrisia!
Na
verdade, o que queremos, é ocultar da Luz aquilo que nos
envergonha!
Não
é passado! Não é morto! É um aspecto de
nossa personalidade ainda ativo e influente, só que escondido!
Se fosse “passado morto”, não exercia influência! Se
exerce influência é porque é PRESENTE E VIVO!
Não
podemos resolver tudo sozinhos: precisamos ser humildes para buscar
ajuda!
Precisamos
limpar o interior do copo!
Precisamos
reconhecer a podridão que há dentro de nós,
escondida sob a “formosura”!
Precisamos
abrir a porta de nosso porão e ter coragem de limpá-lo!
Não
vai ser fácil! Vai ser doloroso... Vamos precisar de ajuda!
Não conseguiremos sozinho... Mas a decisão, a atitude e
o maior esforço sempre terá que ser nosso!
Não
podemos deixar que as “pragas” tomem conta de nossa vida:
fracassos
sucessivos, problemas sentimentais, vícios, pecados
repetitivos, maldições, tormentos... Essas pragas só
deixarão de invadir nossa vida quando “limparmos nosso
porão”!
E
não só o porão: precisamos limpar ao redor da
casa e fechar as brechas!
Precisamos
mudar nosso ambiente, nossas companhias, nossa “zona de
influência”, e fechar toda brecha de tentação
ou de desvio da Palavra!
O
trabalho é árduo, mas vale a pena!
Não
apenas retiraremos o “lixo” (maus pensamentos, maus sentimentos e
má conduta) que atrai as “pragas” (maldições
e derrotas), mas encontraremos muitas coisas que estavam escondidas,
sufocadas embaixo de tanta sujeira!
Poderemos
reencontrar sonhos, promessas de Deus, dons, talentos, ministérios
e tanta coisa que a “poeira” do pecado e da vergonha estava
escondendo!
Quem
são os técnicos e ajudantes? O Espírito Santo,
através dos ministros da igreja! É Deus que te orienta
e te ajuda a limpar a tua casa!
Não
espere para amanhã: comece hoje! Agora mesmo!
Ore
a Deus que te ilumine e conduza, e peça ajuda para teus
pastores!
Uma
nova vida está prestes a se levantar a partir dos escombros de
tua antiga vida!
Mãos
à obra!
Que
Deus te encoraje, te ilumine, te guie te abençoe, em Nome de
Jesus!
Forte
abraço!
Ev.
Danielson
Observação: Este texto foi extraído do "Blog do Danielson".
Labels:
MENSAGENS
Muito verdadeiro e edificante esse texto! Mostramos a formosura para que não se evidenciem o que precisa de mudanças. Desculpas, mentiras e" justificativas" gospel estão infestando a Igreja de pragas! Que o Senhor toque em nossos corações, para que o mal seja extirpado e não frutifique em nosso meio! Obrigada por esta oportunidade!
ResponderExcluirDora Tavares.
Leia-se " evidencie". Desculpe-me.
ResponderExcluirSão 4,28 ga madrugada e acordo a todo momento. Estou tendo medo noturno. Sonhei em primeiro lugar com morte, enterro, duas vezes...depois, no canto do quarto em que dormia começou a aparecer muitos insetos, grandes e pretos. Não tinha como matá- los. Era noite e o inseticida havia acabado. E andando pela casa em um cômodo estado sendo usado para cremação em cima de uma lage um corpo envolto em tecidos abrasados com outros objetos de culto. Prefiro não continuar dormindo. Sinto medo. Porém esse texto foi alentador e falou de coisas que verdadeiras, pelo complexidade de nosso ser, não se desvenda claramente.
ResponderExcluirVerdade. As pragas que invadem nossos ambientes não são o verdadeiro problema, por que o verdadeiro problema está dentro de nós... "nosso porão"... a podridão dos nossos sentimentos, guardados, escondidos, trancados no mais profundo do nosso ser.
ResponderExcluirA infestação de insetos é a nossa "salvação" pois chegará um momento que está infestação nos incomodará tanto que teremos que procurar a causa, que mexer em "nosso porão". Quando conseguirmos limpar a podridão escondida em nosso "porão" ...nosso interior... As pragas também morrerão